
O livro de Ernest Hemingway “O Velho e o Mar” publicado há 70 anos foi um divisor de águas para o escritor. E de águas este livro sabe discorrer muito bem, tanto das que literais, quanto das poéticas.
A imagem do mar me traz à memória elementos muito importantes pra mim: a infância, paixão pela água e a saudade. Mas o livro vai além desses elementos, fala da solidão de ser humano e de tudo que ele carrega dentro de si. O tempo do personagem no mar é a própria vida; isolada, apesar de carregar consigo o afeto dos amigos, mas ainda assim é a descrição da vida no silêncio, quando a solicitude e a solidão nadam juntas.
Trata também da amizade do velho com o garoto, o jovem que ainda tem muito a aprender e respeita os anos de quem tem mais experiência. O livro já virou filme, até porque a narrativa tem um movimento propício à adaptação cinematográfica, é uma aventura carregada de imagens marinhas, ao mesmo tempo que um drama quase estático dos olhos de um homem que já viveu muito. Este é também o traço do escritor, o qual depois de dez anos sem escrever nada “relevante” segundo a crítica literária, agracia-nos com “O velho e o mar”.
O desfecho do livro é ainda mais interessante, é dolorido e doce, é a vida que se vive, quando realmente decidimos vive-la. O mar é a vida, o cenário descrito nesta novela descreve como o velho lida com sua própria vida e nos ensina sobre o que é viver. É doce e salgado, é amargo e vívido. É a vida.
Juliana Bumbeer